Cachoeira em 2004 – parte UM

“Brasileiro não tem memória”, dizemos sempre – em relação a herois esquecidos, ídolos do passado que vivem e morrem na miséria.

Nossa memória é fraca em geral e não custa reavivá-la de quando em quando. Não é à toa que tantas vezes damos um político como “morto para a vida pública” depois de alguma acusação ou condenação e anos depois lá está ele, lépido e fagueiro.

Essa longa reportagem da Folha em 2004, baseada em matéria da Época que revelava gravações incriminadoras contra um assessor muito próximo a Zé Dirceu e de papel importantíssimo no primeiro governo Lula, cita de passagem um certo Carlinhos Cachoeira. Nos quadros que ilustram a matéria, ainda não tem fotografia dele… O Ministério da Justiça ordenou, na época, investigação minuciosa da Polícia Federal para apurar a extensão do envolvimento de Waldomiro – o assessor e amigo de Dirceu – com negócios de governo e campanhas eleitorais.

Deu no que deu… Mas os primeiros implicados (inclusive Garotinho, hoje portador de 70kg de documentos  que, segundo ele, comprometem outras pessoas) sumiram de cena. Tá na hora de trazê-los de volta ao palco, não?!

A reportagem é longuíssima e eu a dividi em dez posts. Começa com o resumo publicado na capa do jornal:

Vídeo mostra corrupção e derruba assessor de Dirceu

Subsecretário é acusado de negociar propina e concorrência com bicheiro

A divulgação de um vídeo que mostra um dos homens de confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil) negociando com bicheiro o favorecimento em concorrências, em troca de propinas e contribuições para campanhas eleitorais, gerou crise no governo federal e a demissão do assessor.

Waldomiro Diniz era subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência e foi assessor de Dirceu até janeiro.

O conteúdo do vídeo, de 2002, foi revelado pela revista “Época”. Diniz era, então, presidente da Loterj. Ele confirma o encontro, mas nega ter recebido dinheiro para si.

No governo Lula, Diniz era responsável por negociar com os parlamentares a liberação de emendas. É amigo de Dirceu há ao menos 12 anos.

Ontem, o ministro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estiveram no Rio, na festa de 24 anos do PT. Dirceu e Lula não comentaram o caso.

Mas, em discurso, Lula disse que o PT não pode errar no “comportamento ético”.

O governo pediu à PF que apure o caso e tenta preservar Dirceu. Já o PSDB quer uma CPI. Em 2003, o partido pediu informações à Casa Civil sobre o suposto envolvimento de Diniz com máfia do jogo.

Folha de São Paulo, 14 de fevereiro de 2004

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