Cachoeira em 2004 – parte DEZ (grifos meus)

Genoino defende Dirceu e relaciona Serra ao caso

O presidente Nacional do PT, José Genoino, afirmou ontem que a fita de vídeo em que Waldomiro Diniz aparece negociando com um bicheiro “é resquício do tipo de guerra da campanha eleitoral de 2002”. O petista relacionou o nome do ex-senador tucano José Serra, adversário do PT no segundo turno em 2002, ao caso.

É importante que Jutahy [Magalhães, deputado federal do PSDB] esclareça se essa investigação, essa escuta sobre o Waldomiro, que vem de 2002, se isso não estava naquele clima de disputa eleitoral do candidato dele, no caso o José Serra”, disse Genoino no Hotel Glória, no Rio, onde o PT comemorou seu 24¨ aniversário.

O presidente do PT disse acreditar que as denúncias contra Waldomiro, exonerado do cargo de subchefe de Assuntos Parlamentares, não abalaram a sigla nem o ministro José Dirceu. “Waldomiro não é filiado ao PT, e o governo já tomou providências legais de exoneração dele. Dirceu não tem nada a ver com isso.”

Segundo informações do PT, Dirceu passou o dia em seu quarto no hotel. À noite, participaria da festa da sigla.

O presidente municipal do PSDB em São Paulo, Édson Aparecido, disse que Genoino “faz terrorismo” ao citar Serra. “O PT quer sair do foco da gravidade da denúncia. É terrorismo político.”

Para Genoino, o caso não estragaria a festa do PT. O deputado estadual Gilberto Palmares, presidente do PT-RJ, negou que Waldomiro tenha sido indicação do partido para o governo Anthony Garotinho. O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) não quis comentar o caso.

[Meu comentário: segundo Genoino, Zé Dirceu não tem nada a ver com isso, Zé Serra tem. Essa é, em resumo, a defesa do PT]

Serra diz que o PT deve evitar bode expiatório

O presidente nacional do PSDB, José Serra, disse ontem em Campo Grande que o PT deve investigar, sem “ficar procurando um bode expiatório”, se o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República Waldomiro Diniz recebeu dinheiro do bicheiro Carlos Augusto Ramos e entregou ao comitê de Geraldo Magela, então candidato petista ao governo do Distrito Federal.

Serra definiu Waldomiro como o funcionário do governo “que cuidava do Congresso Nacional”.

Ele disse que o PSDB não “tinha nenhum conhecimento sobre o assunto”. Em Campo Grande, Serra participou ontem de um encontro dos pré-candidatos do partido a prefeito. Ao fazer um discurso para 400 pessoas, Serra disse que o PSDB “é um partido que não tem problemas com o passado”, “Aquilo que dizemos em campanhas, nós fazemos em nosso governo”, afirmou.

Ele criticou o que considerava uma discriminação do governo aos Estados administrados por tucanos. Sem citar o nome, Serra disse que um governador do PSDB foi recebido 26 vezes pelo ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, e nenhuma vez, ‘’ embora tenha pedido vários [encontros]”, por Antonio Palocci Filho.

Sobre o comentário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o PT e o PSDB poderiam fazer uma aliança no futuro, Serra disse que “esse é o lado do Lula politólogo [referência irônica a um estudioso da política]”.

[Meu comentário: Serra deveria ter dado o nome do governador. Essa é uma acusação séria, um desrespeito à República e ao pacto federativo, que deveria ser tornada pública. Depois acontece como na campanha de 2012, em que Haddad diz: “Nunca me procuraram”. Depois é obrigado a admitir que procuraram e diz: “Não pegaram dinheiro federal porque não quiseram, era facinho”.]

Folha de São Paulo, 14 de fevereiro de 2004

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