Cachoeira em 2004 – parte NOVE (grifos meus)

Assessor representava jogo no governo

Em depoimento ao Ministério Público Federal em Brasília, empresários afirmam que Waldomiro Diniz, até ontem subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, representava os interesses “do jogo” no Congresso e no governo, além de ter facilitado a entrada de Carlos Augusto Ramos, considerado o maior bicheiro de Goiás, no mercado do jogo do Rio de Janeiro.

Ainda conforme depoimentos, que agora serão conduzidos pelo Ministério Público do Rio, Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, teria monopolizado o jogo em Goiânia e ampliado seus negócios pelos Estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Dono de três casas de bingo em Goiânia, o empresário Carlos Roberto Martins afirmou em seu depoimento que Waldomiro “passou a negociar com Cachoeira para que este entrasse no jogo do Rio e com isso afastasse [Alejandro] Ortiz [empresário que comercializava máquinas de jogo, conforme investigações da Polícia Federal] ou criasse condições para subir percentuais pagos a título de propina aos donos do jogo”.

“Após ter se afastado da Loterj [que presidia em 2002]”, disse Roberto Martins em seu depoimento, “[Waldomiro] passou a defender interesses de Ortiz no Congresso e no governo”. A ação, segundo ele, “não se dá às claras, é intermediada pelos contatos entre o dono do bingo da rua Augusta [em São Paulo] e presidente da Arabin [entidade que congrega empresários do setor], Olavo Salles”. Em nota, a Arabin informa que seu interesse é “a regulamentação dos bingos no Brasil” e que, “como qualquer entidade de classe, mantém contatos com autoridades”.

A FOLHA apurou que Waldomiro estaria trabalhando, no âmbito do governo, pela definição de um modelo de controle de máquinas caça-níqueis no qual a cobrança seria feita mediante a venda de um selo, com valor indicativo de R$ 100, para cada aparelho operar durante um mês.

Hoje atuando no setor de informática em Brasília, o empresário Messias Antonio Ribeiro Neto, o segundo personagem que depôs, contou aos procuradores que foi sócio “de fato” de Cachoeira, que o teria convidado, em 1995, para comprar, por R$ 250 mil, participação na empresa Gerplan.

A FOLHA procurou a assessoria  de imprensa da Secretaria da Fazenda de Goiás, mas não obteve resposta para esclarecer o contrato da secretaria com a Gerplan.

O presidente da Associação de Bingos do Rio, José Renato Granado, citado em um dos depoimentos como laranja do empresário espanhol Alejandro Ortiz, disse, por meio de sua assessoria, que não irá se pronunciar.

[Meu comentário: é coisa mesmo de bandido; lembra filmes como “Cassino”,”Os Bons Companheiros”, com amigos se tornando inimigos, arranjos e rearranjos, alianças e traições]

Folha de São Paulo, 14 de fevereiro de 2004

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